sábado, 11 de setembro de 2010

Ode ao sol desmaiado

O sol brilha, mas não brilha mais.
Antes, tão ardente, hoje nem me faz cócegas. Não me emociona mais, eu não sinto mais nada com ele. É como se não existisse nada a minha frente, nem mesmo o sol. E nem mesmo ele pode me mostrar alguma coisa, qualquer coisa. O mundo já acabou, acabou há muito tempo!
Como eu achava belo e mágico ver o sol tomar posse de tudo, o sol quente e branco do início da tarde incidindo, envolvendo, penetrando o todo a nosso redor, ardente e milhões de vezes vibrante, brilhante. Infinitamente à nossa frente, o sol invadindo e conquistando por completo todas as coisas. Ruas, pessoas, objetos, casas, prédios, arvores, ar, espaço, odores, vento, superfícies das mais variadas, quentes ou frias se tornavam todas pelando e as que não fossem verdes ou azuis, se tornavam incandescentes. Ele revela de uma forma esplendorosa, assustadora, inquietante, confortadora, tudo. Ele revela a ele próprio. Faz saltar aos nossos olhos toda a reflexão da luz que cada coisa é capaz. Fere nossos olhos, os disciplina, os subjuga e dá a eles um espetáculo de poder, beleza, mistério, energia, infiniteza, perenidade, força, retidão, caráter, maravilha inigualáveis e inesquecíveis.
Como eu queria sentir tudo isso de novo, com a alma limpa, a mesma paz no coração e o mesmo trilhão de esperanças que eu sempre tive!
Os anos 2000 foram a última década deste nosso mundo. Só que ninguém percebe isso claramente, estão todos vivendo um sonho de que ainda existimos.
Eu só quero saber que estou completamente enganado. Eu só quero o mesmo sol de sempre, de toda a minha vida!

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